A Velocidade Não Perdoa

Na nossa sociedade concedemos um alto valor à velocidade: fazem-se investimentos bilionários na construção de vias rápidas, com o objectivo de “ganhar tempo” sem reparar nem nos gastos, nem nos altos custos humanos, sociais e ambientais que temos de pagar por isso.

Os problemas da velocidade

Acidentes

O automóvel é um meio de transporte menos seguro. É a principal  causa de morte nos menores de 35 anos e tem-se convertido numa autêntica epidemia que mata cada dia mais de 6 pessoas e deixa feridas outras 200. Dois de cada três acidentes são devidos, de forma directa ou indirecta, ao excesso de velocidade.

Desperdício energético

As estradas são um dos principais consumidores de energia (ver no cd Portugal em números), além disso, é o sector onde o consumo cresce mais rápido. A máxima eficiência do energética dos veículos encontra-se entre os 80-90 km/h. A partir daí consomem-se crescentes quantidades de combustível com rendimentos decrescentes.

Poluição

Em estreita relação com o consumo energético, a emissão de gases de escape aumenta com o quadrado da velocidade. Isto é válido tanto para as emissões de CO2, responsáveis pelo efeito de estufa, como para os outros agentes poluidores resultantes do tráfego, que provocam mais mortes prematuras que os acidentes .

Ruído

Tem uma estreita relação com a velocidade a que se circula, em especial o ruído aerodinâmico, quando a velocidade supera os 100 km/h, ou o proveniente do tráfego, responsável por cerca de 80 % do ruído urbano.

Impacte sobre a paisagem

O impacte ambiental da construção de estradas está relacionado com a velocidade de circulação para a qual as desenham. Para circular a 100 km/h necessita-se de um eixo de via de 15 m em oposto aos 23,5 necessários para circular  a 120 km/h.

Reduzir a velocidade para melhorar a segurança e o meio ambiente.

A redução dos limites de velocidade é um meio simples e barato de se conseguir uma melhora de qualidade de vida e tem grandes benefícios para a saúde e meio ambiente.

Melhora a segurança

A diminuição da velocidade reduz o número e a gravidade dos acidentes. Uma redução de 120 a 100 km/h, provoca um diminuição em 20 % do número de acidentes.

Reduz o consumo de energia e poluição

Baixar de 120 km/h a 90 km/h, provoca uma redução de 25% no consumo de combustível e, consequentemente, também de emissões de poluentes pelos veículos, melhorando a qualidade do ar urbano e os impactes no meio ambiente.

Permite recuperar a cidade para os peões

A limitação dos limites de velocidade a 30-20-15 km/h em zonas urbanas é a primeira condição para que a cidade deixe de ser exclusivamente um lugar de passagem para veículos e se converta num lugar seguro para peões e utilizadores de bicicleta. Esta "pacificação" do tráfego, tem-se adoptado em centenas de bairros e cidades de todos os países europeus com excelentes resultados na melhoria da segurança, qualidade do ar, diminuição do ruído e recuperação da cidade como um lugar de convivência e relação humana.

O uso da bicicleta

A bicicleta deve ser entendida como parte da solução para os problemas de tráfego e de ambiente nas cidades, integrada numa política geral de melhoria do ambiente urbano e de mobilidade, que pode ser executada à custa de baixos recurso financeiros e com benefícios económicos privilegiando-se conjuntamente o transporte público colectivo.