XVII Encontro Internacional de Cicloturismo
Sesimbra – Algarve
A clássica Sesimbra/Algarve saiu à estrada pela 17ª vez para mais três dias de pedalada. A tão falada crise fez-se sentir na organização da prova, mas mesmo assim um pelotão de 2500 cicloturistas encheram de cor as estradas em direcção ao sul.
Sesimbra, Costa Alentejana, Algarve… Foi por estes locais de grande beleza que passou o percurso do XVII Encontro Internacional de Cicloturismo, mas conhecido por Clássica Sesimbra/ Algarve. A prova realizou-se de 16 a 18 de Maio e, apesar da muito falada crise, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta e o Núcleo Cicloturista de Sesimbra conseguiram juntar 2500 participantes.
O primeiro dia serviu mais para os cicloturistas "aquecerem os motores". O trajecto de 32Km, facultativo, ligou Sesimbra a Setúbal com passagem por Santana, Azeitão, Cabanas, Quinta do Anjo e Palmela. Foi pelas 16h que o pelotão saiu do tradicional centro piscatório de Sesimbra para desfrutar da paisagem da Serra da Arrábida num tranquilo passeio até Setúbal.
As verdadeiras pedaladas começaram pelas 8h30 de sábado, pois no programa estavam reservadas cerca de 100Km a percorrer entre Tróia e Vila Nova de Milfontes. Passagem obrigatória por Comporta, Carvalhal, Melides, Santo André, Sines, São Torpes e Porto Côvo. Pouco mais de quatro horas e meia depois, os cicloturistas completaram a etapa mesmo a tempo de almoçarem em pleno Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano.
O ultimo dia foi palco da etapa mais longa desta clássica, totalizando 110Km entre Boavista dos Pinheiros e Lagoa. Até ao Algarve, os cicloturistas fizeram "escalada" em São Teotónio, Nave Redonda, São Marcos da Serra, São Bartolomeu de Messines, Algoz e Alcantarilha, chegando ao seu destino cerca das 13h30. Três dias e 250Km depois, a satisfação predominava entre os participantes. A primeira clássica Sesimbra/ Algarve realizou-se à 17 anos, consegue reunir um grande numero de participantes, mesmo neste ano de tão falada crise.
Falta de Apoios
Este panorama recessivo que actualmente se vive em Portugal fez-se notar na preparação desta 17ª edição, através da dificuldade em obter apoios e pela ausência de alguns núcleos cicloturistas habituais, privados de subsídios. A própria FPCUB debateu-se com mais dificuldades, conseguindo apenas abastecimentos para domingo com a colaboração do núcleo de Cicloturismo de Messines e do Município de Lagoa, que no final ofereceu o almoço a todos os participantes. Segundo José Caetano, presidente da FPCUB, "a nossa posição foi de forma a sustentar o encontro tanto a nível de organização, como assistência e segurança a todos os participantes, (mas) sentimos a falta de alguns participantes habituais devido ao momento que o pais atravessa e que não no beneficia em nada". Em todo o caso, Caetano considerou muito positivo pelo numero de participantes, que "superou o que estávamos à espera".
O ponto mais negativo entre os cicloturistas foram as quedas, felizmente sem consequências de maior, mas a revelarem alguma falta de atenção entre os participantes quando circulavam em pelotão. Aconteceram algumas quedas, toque de rodas e mesmo alguns cicloturistas a pedrarem em contra-mão e que, ao aperceberem-se do perigo, se reuniam demasiado depressa ao grupo, podendo provocar quedas. Fora essa questão, o convívio entre os participantes foi uma constante em toda esta clássica do cicloturismo.
Um passeio único em Portugal, tanto em trajecto como nos locais de passagem. Como passeio que é, a velocidade e a pedalada pode ser feita como se deseje, já que existem os que gostam de ir colados ao carro da organização, mas também existem aqueles que preferem vir na retaguarda, saboreando o suave prazer em pedalar.
texto de José Morais
Organização: Núcleo Cicloturista de Sesimbra e FPCUB
Apoios: Câmara Municipal de Sesimbra e Lagoa, Junta de Freguesia do Castelo, Bombeiros Voluntários de Sesimbra, Bombeiros Voluntários de Sines.
Programa:
1º DIA 16 de Maio/2003 (Sexta-feira)
16h00m – 32Km
PARTIDA – Parque de Campismo Valbom, Santana, Sesimbra, Santana, Azeitão, Cabanas, Quinta do Anjo, Palmela, Setúbal (Bonfim)
2º DIA 17 de Maio/2003 (Sábado)
08h30m – 98Km
PARTIDA – Tróia (Junto às Torres), Comporta, Carvalhal, Melides, Santo André, Sines, São Torpes, Porto Côvo, Parque de campismo do Sitava (V. N. Milfontes)
3º DIA 18 de Maio/2003 (Domingo)
08h30m – 110Km
PARTIDA – Boavista dos Pinheiros, S. Teotónio, Nave Redonda, São Marcos da Serra, S. Bartolomeu de Messines, Algoz, Alcantarilha, Lagoa.
SESIMBRA
A antiguidade e continuidade da ocupação humana no território do actual concelho de Sesimbra é atestada por numerosos vestígios desde a Pré-História, documentando, em particular, a presença de romanos e mulçulmanos. foi em 1165 que as tropas comandadas por D. Afonso Henriques tomaram aos Mouros o Castelo, centro da povoação que vivia então de costas viradas para o mar. Abandonada ante a avançada dos árabes em 1191, foi reconquistada por D. Sancho I. Em 1236, foi doada aos Cavaleiros da Ordem de Santiago que intensificaram os esforços para a repovoação, concedendo privilégios aos pescadores e albergando com imunidade criminosos e foragidos de outras regiões. A póvoa marítima foi-se então desenvolvendo, enquanto diminuiu o povoamento no alto do monte.
A primeira carta de foral foi concedida por D. Sancho I, em 1201, e confirmada por outros monarcas. D. Dinis elevou-a a vila, em 1323.
Nos séculos XV e XVI Sesimbra era já um importante centro náutico e piscatório, tendo contribuido decisivamente para a empresa dos Descobrimentos. A excelência e abundância do seu pescado foram celebradas por escritores de várias épocas.
PARQUE NATURAL DA ARRÁBIDA
Maciço calcário com falésias a cair a pique sobre o mar, estende-se entre Sesimbra, Palmela e Setúbal. Coberto vegetal contendo associações florísticas mediterrâneas, nomeadamente o maquis, que constituem um conjunto botânico de grande valor. Numerosa flora marinha – mais de sete dezenas de espécies de algas – e fauna marinha de vertebrados e invertebrados. Vestígios pré-históricos, conventos, assentos de lavoura e conjuntos de arquitectura popular.
RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO SADO
É uma formação estuarina de grandes dimensões, estendendo-se de Setúbal a Alcácer do Sal. Inclui um troço do Rio Sado, sapais, bancos de vasa e areia, montado e áreas agrícolas, praias e dunas costeiras com destaque para o cordão arenoso Tróia-Comporta. Local de nidificação
e invernada para inúmeras aves. Interessante população residente
de Roaz-corvineiro (golfinho). Curioso porto palafítico na Carrasqueira e moinho de marés na mourisca.
PARQUE NATURAL DO SUDOESTE ALENTEJANO E COSTA VICENTINA
Com 70.000ha, estende-se por quatro concelhos: Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo e é uma área costeira com praias, falésias, ilhotas e rochedos isolados. Destaque para a Ilha do Pessegueiro. Matos, charnecas, culturas de regadio e de sequeiro bem como matas de produção ao longo da zona terrestre.
A sua importância reside, para além dos factores paisagísticos específicos, no seu ecossistema e valores patrimoniais, numa riqueza cultural e humana que é preciso preservar, pois assume dimensão de âmbito nacional.
O povoamento rural, originariamente aglomerado, que se liga à insegurança existente em tempos passados, comporta formas de dispersão intercalar, desenvolvidas a partir da planície litoral.
O PNSACV é um habitat eleito por importantes comunidades de fauna e flora. Espécies botânicas raras. A avifauna local compreende cerca de 200 espécies, das quais 26 se reproduzem nas falésias. Algumas aves são migratórias. Interessante população de Lontra com hábitos marinhos. Espécies botânicas raras. A flora local caracteriza-se por uma vegetação arbustiva, rasteira, com algumas árvores. Assinale-se o carácter endémico mundial de muitas destas espécies florísticas.
A majestade de São Vicente e as lendas do promontório sacro completam
o quadro.
Com o objectivo de conseguir um desenvolvimento sustentável e integrado será necessário incentivar o diálogo entre a população e os agentes envolvidos na gestão da área, nomeadamente o turismo.
É preciso dizer claramente não a um crescimento que não tenha em conta a relação equilibrada do homem com a natureza, evitando um novo Algarve na Costa Sudoeste.
S. BARTOLOMEU DE MESSINES
A freguesia de São Bartolomeu de Messines é uma das mais ricas em detalhes evocadores e uma das mais multifacetadas. Situada parte na Região Barrocal e outra na Serra, o seu clima está mais ou menos sujeito às variadas circunstâncias meteorológicas, geográficas e geológicas.
A região de Messines foi povoada pelas gerações pré-históricas. É também sabido que na mesma área se encontram documentos pré-romanos.
Em 716 da nossa era entram os Árabes no Algarve e no concelho de Silves.
Constituída a Monarquia portuguesa e conquistada a Província do Algarve entra S. Bartolomeu de Messines na Coroa Portuguesa.
Várzeas, situadas nos vales e abrangendo as terras mais férteis fazem de Messines um importante produtor agrícola. A Igreja Matriz, Ermidas de São Pedro, Senhora da Sande, São Sebastião e Santa Ana, são de visitar.
JOÃO DE DEUS
Nasceu nesta vila em 1830 a 8 de Março, poeta lírico dos maiores da língua portuguesa, recebe em casa a primeira instrução e aprende o latim. Em 1849 parte para Coimbra para estudar.
ALCANTARILHA
Alcantarilha é uma das mais antigas das oito freguesias do concelho de Silves. Com uma superfície de 1954 Km2 e uma população superior a 7300 habitantes, sendo a segunda freguesia mais densamente povoada do concelho.
Alcantarilha surgiu como primeiro povoado ainda em épocas pré-romanas. O primitivo Nucleo habitacional teria origem numa hipotética fortaleza, instalada no Outeiro onde se desenvolveu a povoação, que de acordo com o inventário da direcção geral dos edifícios e monumentos nacionais consistiria num casario lusitano de povoamento de transição do neolítico para o calcolítico. Por Alcantarilha – segundo o mesmo inventário – passaram Fenícios, Gregos e Cartagineses. Seriam os Romanos a conquistar a fortaleza por volta do ano 198 A.C., transformando-a numa base militar de ocupação servida por um porto marítimo onde mais tarde surgiria a aldeia de Armação de Pêra. Os Árabes deixaram igualmente bem patente a sua presença em Alcantarilha.
ALCANTARILHA E O CICLOTURISMO NO ALGARVE
Em 1987 surge o primeiro Encontro Internacional de Cicloturismo Sesimbra-Algarve, onde participam elementos de Alcantarilha. Nos anos seguintes são aqui organizados os primeiros encontros nacionais no Algarve com mais de mil participantes. É criada a delegação da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta em Alcantarilha (que ainda se mantém). Este ano a Federação privilegia a passagem por Alcantarilha com paragem junto à sua delegação. Os cicloturistas homenageiam e reconhecem o esforço que foi e continua a ser despendido em prol do cicloturismo algarvio.
LAGOA
Vila e Sede de concelho no Algarve, tem uma área de 93,6 Km2, compõem-se de cinco freguesias: Ferragudo, Estombar, Lagoa, Porches e Carvoeiro. Segundo descrições do século XVI o nome Lagoa resulta da situação da vila ao longo de uma ou duas lagoas.
PARQUE MUNICIPAL DO SÍTIO DAS FONTES
O Parque Municipal do Sítio das Fontes localiza-se perto do rio Arade, envolvendo um estreito da sua margem a cerca de 3 km da foz.
As suas várias nascentes localizam-se no extremo poente do maior lençol de água algarvio, conhecido por Lias-Dodger ou Querença-Silves e constituem uma das suas saídas mais caudalosas.
O Parque está instalado num terreno com cerca de 18 há (180.000 m2) de área pertencente à Câmara Municipal de Lagoa.
Podemos aqui encontrar uma grande diversidade de ambientes representativos da paisagem mediterrânea. Constitui também um acontecimento importante do ponto de vista geológico pela presença das nascentes e proximidade do rio Arade.
É também importante do ponto de vista histórico-cultural porque ali se encontram vestígios de actividades humanas que datam de tempos remotos. Os dois moinhos de água do Parque são os testemunhos mais eloquentes dessas actividades. A antiguidade de pelo menos um deles está documentada com uma referência no "Livro do Almoxarifato de Silves", do século XV.
Foram já recuperadas, no âmbito do projecto, algumas estruturas como o moinho de maré e a sua caldeira, a casa do moleiro, e foram criadas outras como o edifício da recepção e os sanitários, o anfiteatro ao ar livre, a zona de merendas, o percurso de manutenção, um pequeno embarcadouro, etc.
Existe ainda o Centro de Interpretação da Natureza (CIN), que funciona com as escolas como um espaço de educação ambiental. A energia eléctrica consumida no CIN tem, exclusivamente, origem de painéis foto-voltaicos (energia solar) e as águas residuais são tratadas numa ETAP (estação de tratamento de esgotos através de plantas).
Desenvolvem-se actividades de educação ambiental e descoberta do meio, bem como outras ligadas às actividades humanas relacionadas com o rio.
Encoraja-se a comunidade para a utilização do Parque como espaço de animação cultural. Várias instituições e grupos locais têm utilizado o anfiteatro e outras estruturas para a realização de espectáculos de teatro, variedades, corais, etc. O moinho também já albergou exposições de pintura de vários artistas do concelho.